É importante tanto para os adolescentes quanto para os pais compreenderem etimologia da palavra independência. O prefixo in, no inglês, quer dizer dentro, assim, independência é estar dentro da dependência. O que isso que dizer? Para o adolescente é poder existir, se desenvolver como indivíduo e ser respeitado em sua própria casa; para os pais, é poder permitir que o sujeito estruture sua identidade, não deixando de orientá-lo.
O processo de crescimento do jovem implica em contrariar, às vezes de forma intensa, a autoridade paterna, para, a partir daí, reconhecer-se a si mesmo como um indivíduo único e diferenciado. Em função disso, é difícil, muitas vezes, para os pais lidar com esse comportamento. Entretanto, é nesse momento, que o filho não pode se sentir abandonado, pois caso isso ocorra, ele não terá quem transmitir indicativos, direções e determinantes e ao se sentir perdido, lutará para ter a atenção dos pais, começando uma série de problemas da adolescência. Evidentemente, esses conflitos são menos constantes conforme o grau de democracia com que os pais os tratam. Pais democráticos insistem em regras, em normas e em valores importantes, mas estão dispostos a ouvir, a explicar e a negociar. Encorajam os adolescentes a formarem suas próprias opiniões. Por outro lado, há pais que no querem aceitar o crescimento do filho. Eles possuem sentimentos confusos, querem que seus filhos sejam independentes, mas tem dificuldade de “soltá-los”.
Os adolescentes preconizam estar no grupo do que com seus pais. Essa desvinculação não é uma rejeição a família, mas uma resposta a necessidade de desenvolvimento e reflexão sobre a própria identidade.
Famílias com fronteiras mais flexíveis permitem que o adolescente possa transitar e experimentar-se livremente em diferentes territórios, aproximando-se quando se sentem inseguros e afastando-se para experimentar sua independência.
Nesse sentido, a demanda do adolescente por maior independência e participação nas decisões familiares exige uma reorganização nos padrões de funcionamento familiar. Esses serão favorecedores da confiança, aceitação e afeto entre pais e filhos, quando associados a uma comunicação clara e direta. Nesta forma de comunicarem-se, os limites se apresentam nítidos e permeáveis para cada um dos membros do sistema familiar.
Graduar este processo implica em reorganizar o espaço familiar de forma a aumentar a flexibilidade das fronteiras sem que seja comprometida a autoridade dos pais. Por mais que a demanda da fase adolescente, muitas vezes, leve a perder a referência daquilo que, necessariamente, é papel e função familiar, a família deve manter a capacidade de proporcionar um ambiente de segurança, equilíbrio e limites a seus filhos.
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