quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Afinal, o que é Adolescência para a Psicologia?

A adolescência é uma fase evolutiva na vida do ser humano onde se busca uma nova forma de visão de si e do mundo; uma reedição de todo o desenvolvimento infantil visando definir o caráter social, sexual, ideológico e vocacional. Esse processo evolutivo ocorre dentro de um tempo individual e de forma pessoal em que o adolescente se vê envolvido com as manifestações de seus impulsos intuitivos exteriorizados através de suas condutas nem sempre aceitas como normais pela sociedade.
Podemos dizer que adolescência é sinônimo de crise, pois o adolescente, em busca de identidade adulta, passa para o período “turbulento” (variável segundo o seu ecossistema (sócio-familiar)).
Segundo a teoria kleiniana, essa fase poderia ser definida como correspondente à positiva elaboração da posição depressiva.
A essa crise provocada pela ampla e profunda desestruturação em todos os níveis de personalidade, segue-se um processo de reestruturação, passando por ocasiões nas formas de exprimir-se ao longo dos anos.
O eixo central dessa reestruturação é o processo de elaboração dos lutos gerados pelas três perdas fundamentais desse período evolutivo:
1.Perda do corpo infantil: nessa fase o adolescente vive com muita ansiedade as transformações corporais ocorridas a partir da puberdade, as quais exigem dele uma reformulação de seus mundos interno e externo.
Muitas vezes, as restrições familiares e sociais para controlar esses impulsos ameaçam tanto o seu desenvolvimento que chega a causar retardo em seu crescimento e no aparecimento natural das funções sexuais próprias dessa fase.
2.Perda dos pais da infância: os pais, antes idealizados e supervalorizados, passam a ser alvo de críticas e questionamentos.
Dessa forma, o adolescente busca figuras de identificação fora do âmbito familiar. Nesta fase caracteriza-se a dependência/independência dos filhos em relação aos pais e vice-versa; é o momento em que o adolescente busca substituir muitos aspectos da sua identidade familiar por outra mais individual.
3.Perda da identidade e do papel sócio-familiar infantil: da relação de dependência natural do convívio da criança com os pais, segue-se uma confusão de papéis, pois o adolescente, não sendo mais criança e não sendo ainda adulto, tem dificuldade em se definir nas diversas situações de sua cultura.
No caminho para a sua independência, sentindo-se ora inseguro, ora temeroso, busca o apoio do grupo, que tem importante função, pois facilita o distanciamento dos pais permitindo novas identificações.
Para atingir a fase adulta, o adolescente deverá fazer uma síntese de todas essas identificações desde a infância.
O adolescente exterioriza os seus conflitos e formas de elaboração de acordo com suas possibilidades e as do seu meio, com as suas experiências psicofísicas, ocorrendo o que chamamos de “Patologia normal da adolescência”.
Para se compreender e lidar com adolescentes é fundamental que se conheça essa aparente patologia, chamada “Síndrome de adolescência normal”, com as seguintes características:
  1. Busca de si mesmo e da identidade adulta;
  2. Tendência grupal;
  3. Necessidade de intelectualizar e fantasiar;
  4. Crises religiosas;
  5. Deslocação temporal;
  6. Atitudes sociais reinvindicatórias;
  7. Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta;
  8. Evolução sexual;
  9. Separação progressiva dos pais;
  10. Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo.

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